quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

UNE e UEE-SP lançam nota repudiando autoritarismo na USP

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) vêm à público manifestar absoluto repúdio aos injustificáveis episódios de autoritarismo e violência na Universidade de São Paulo (USP), que culminaram na agressão realizada por um policial militar – cuja identidade ele escondeu – ao estudante Nicolas Menezes, aluno da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), no último dia 6 de janeiro.


Registrado em vídeo e denunciado por meio das redes sociais, o vergonhoso acontecimento de violência contra um estudante e ameaça à sua vida com uso de uma arma de fogo – pelo simples fato de realizar um protesto justo e pacífico – trazem à UNE e à UEE-SP as piores lembranças e preocupações remontadas a um período que antecede o atual estado democrático do país.

Sob a alegação de realizar a desocupação de um espaço dentro do Centro de Vivência da USP, na Cidade Universitária, no campus Butantã, o policial negligencia o fato de o espaço pertencer ao Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) da USP e a ocupação ser um protesto pelo cumprimento de um acordo entre a entidade e a reitoria para a reforma e funcionamento do local.

Pior do que isso, o episódio reflete o conjunto de todas as outras recentes ações desmedidas, arbitrárias e truculentas da reitoria que atentam contra a democracia dentro da maior universidade brasileira e uma das 100 melhores do mundo. Soma-se a uma série de outras trapalhadas autoritárias que o atual reitor da USP vem promovendo ao longo de sua gestão. A bem dizer, João Grandino Rodas, que promulgou por conta própria o convênio para a turbulenta presença da polícia militar no campus, age como um interventor. Vale lembrar que ficou em segundo lugar na eleição para a reitoria da USP, quando foi derrotado pelo professor Glaucius Oliva, do Instituto de Física. Rodas foi empossado pelo governador do estado valendo-se da prerrogativa da lista tríplice, uma inversão que não ocorria desde a ditadura militar.

A UNE e a UEE-SP alertam o conjunto da sociedade de que a onda de autoritarismo atinge espaços dentro da USP voltados para a reflexão sobre a democratização do conhecimento, liberdade para realizar atividades políticas, manifestações culturais, artísticas e de integração.

No dia 21 de dezembro de 2011, no apagar das luzes do ano, período em que a universidade se encontra vazia em decorrência das férias, ocorreu a tentativa de demolição do barracão onde o Núcleo de Consciência Negra (NCN) na USP desenvolve as suas atividades, também no campus Butantã. A matemática dessa ação é simples: A reitoria quer que o NCN desocupe o barracão onde está localizado mas, até o momento, não apresentou uma alternativa de espaço para que ele desenvolva seus projetos, dessa forma força o fim da entidade. Como no caso do DCE, é um ataque direto à liberdade de pensamento e de organização dos estudantes dentro do campus.

Para aqueles que lutam por mais democracia, expressam suas ideias dentro da universidade e desafiam o poder repressor instituído, a punição máxima é aplicada. Ainda no apagar das luzes do ano de 2011, seis estudantes da USP foram expulsos. Eles participaram da ocupação legítima de uma sala do Conjunto Residencial da USP (Crusp), em 2010, em protesto contra os critérios de seleção e exclusão da Coordenadoria de Assistência Social, que decide sobre os auxílios-moradia para estudantes carentes. A sala continua ocupada pelos estudantes, que chamam a atenção para a necessidade de mais e melhores políticas de assistência estudantil.

A expulsão ideológica de alunos, a tentativa de extinção do Núcleo de Consciência Negra e o abuso de autoridade da polícia militar contra estudantes no campus são eventos que ocorreram após a ocupação, em outubro do ano passado, dos prédios da Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas (FFLCH) e da reitoria, em protesto contra o convênio USP-PM. Essa manifestação ocasionou a desproporcional invasão da tropa de choque na universidade e a prisão de 73 estudantes. Uma assembleia do corpo discente deflagrou greve geral e gerou diversas propostas para substituir a presença da Polícia Militar no campus.

Na opinião da UNE e da UEE-SP, soluções para a segurança em uma das mais importantes universidades do mundo podem ser facilmente implantadas, em substituição à força repressora do estado. Entre elas estão um projeto contemporâneo de ocupação criativa do campus, com mais iluminação, ciclovias, câmeras e a revitalização de espaços para o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de lazer, proporcionando a convivência e integração entre toda a comunidade acadêmica, frequentadores do campus e comunidade moradora ao redor da instituição. Concordamos com a opinião da professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Raquel Rolnik, que recentemente escreveu artigo para uma revista mensal no qual diz:

“O modelo urbanístico do campus, segregado, unifuncional, com densidade de ocupação baixíssima e com mobilidade baseada no automóvel é o mais inseguro dos modelos urbanísticos, porque tem enormes espaços vazios, sem circulação de pessoas, mal iluminados e abandonados durante várias horas do dia e da noite. Esse modelo, como o de muitos outros campi do Brasil, foi desenhado na época da ditadura militar e até hoje não foi devidamente debatido e superado.”

Acreditamos, sim, no trabalho honesto e competente de parte da PM, mas é notório que não é necessária a sua presença ostensiva no interior de uma instituição que é declarada território livre dos estudantes, protegida pelo princípio da autonomia universitária e que já sofreu em outros tempos com perseguições e mortes de estudantes pelo autoritarismo de uma ditadura militar.

O momento de tensão gerado pela morte de um estudante dentro do campus no ano passado não deve ser a justificativa para qualquer tipo de ação por parte da reitoria que tire a liberdade e a participação da comunidade acadêmica nos debates e decisões a respeito da universidade. A UNE e a UEE-SP não toleram essa inversão da lógica na qual, sob a premissa de agir frente ao triste assassinato de um estudante, chegou-se ao ponto da violência flagrante do Estado contra outros, ameaçando inclusive suas integridades físicas.

União Nacional dos Estudantes – UNE
União Estadual dos Estudantes de São Paulo – UEE-SP


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fórum Social Temático 2012 convoca movimentos a irem ao RS

Com o tema Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental, o Fórum social Temático (FST) 2012 emite sua convocatória aos movimentos sociais. Entre 24 e 29 de janeiro, diversas pessoas se reunirão para debates preparatórios para um importante evento deste ano, a Cúpula dos Povos, reunião alternativa à cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. Confira na íntegra:

Convocação
Fórum Social Temático - Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
24 a 29 de janeiro de 2012 - Porto Alegre e Região Metropolitana
Preparatório para a Cúpula dos Povos da Rio+20
Os povos se colocam em movimento. Occupy Wall Street se espalha pelos Estados Unidos. Protestos e mobilizações indígenas produzem uma grande efervescência na usualmente tempestuosa região andina. Um nível inusitado de atividade de movimentos de massas atinge até mesmo países conhecidos por sua estabilidade social. Em 15 de outubro tivemos manifestações em quase mil cidades de 82 países.
A indignação com as desigualdades e injustiças políticas e sociais aparece como uma marca comum à maioria destes movimentos que questionam o “sistema” e “poder”, se confronta com sua destrutividade e rompem com a passividade das décadas neoliberais. A política de austeridade promete mais miséria e levam os jovens a se mobilizarem por seu futuro. Em todos os continentes, setores antes apáticos se colocam em movimento de forma pacífica, democrática, pluralista, unitária e autônoma em relação ao poder.
Estes movimentos nascem das necessidades e aspirações do presente, depois de três décadas de globalização neoliberal. São mobilizações portadoras de valores como a empatia pelo sofrimento alheio, a solidariedade, defesa da igualdade, busca de justiça, reconhecimento da diversidade, critica a supremacia do mercado sobre a vida, valorização da natureza – ideias centrais para a urgente reconstrução de um novo mundo possível.
A mensagem é uma só: Precisamos reinventar o mundo. Nenhuma resposta efetiva parece estar emergindo dos poderes estabelecidos. A crise ambiental está sendo ignorada pela ONU e pelos grandes poderes e arrasta a humanidade para um cenário catastrófico. A mercantilização da vida e a apropriação de parcela crescente da biomassa do planeta exerce uma pressão cada vez mais destrutiva sobre os diferentes ecossistemas e reduzem rapidamente a biodiversidade.
O agravamento da crise social nas economias centrais e a indignação contra a desigualdade crescente não encontraram nenhuma resposta senão mais privatizações e a defesa dos privilégios por parte de governos e empresas multinacionais.
O avanço do extrativismo e a compra de terras continuarão a alimentar as lutas de resistência em defesa da natureza, dos bens comuns e dos modos de vida. Aumenta o número de pessoas que acredita ser impossível enfrentar estas questões separadas de uma resposta global para um sistema cuja crise atinge toda humanidade. Se trata de mudar o sistema para defender 99% da humanidade dos 1% que quer jogar sua crise sobre as costas dos demais. Precisamos reinventar o mundo.
Este parece ser um momento único para resgatarmos o acúmulo do altermundialismo e do Fórum Social Mundial. Avançamos em Belém, em 2009, para a busca de alternativas ao desenvolvimentismo e ao consumismo a partir do terreno socioambiental. Mas agora a luta social é oxigenada e enriquecida pelo movimento em busca de autonomia e controle do poder no mundo árabe e pelas vastas expressões da indignação com o capitalismo financeiro e as corporações na Europa e Estados Unidos. Se outro mundo é possível, o será a partir da convergência destes sujeitos políticos, favorecendo que criem um sentido de propósito comum, identidade e visão de futuro.
Porto Alegre e Região Metropolitana podem, em 2012, ser o ponto de encontro d@s indignad@s, das expressões dos povos originários e dos movimentos anti-sistêmicos de todos os quadrantes, capaz de afirmar uma saída para a crise, construindo as diretrizes e campanhas globais. Mais ainda, isso só será efetivo se conseguirmos afirmar e transmitir um paradigma alternativo de sociedade, se construir um vocabulário comum capaz de articular as demandas difusas de grande parcela das populações. Por ser temático, o FST pode construir uma reflexão estratégica e programática, capaz também de ser apresentada por ocasião da Rio+20 que, em maio e junho de 2012, atrairá multidões para o Rio de Janeiro.
Considerando estes objetivos, nós convidamos a todas e todos que compareçam ao Fórum Social Temático - Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental que se realizará em Porto Alegre e Região Metropolitana nos dias 24 a 29 de janeiro de 2012.
Um Fórum diferente que se vê como processo. Para isso, estabelecemos Grupos Temáticos num processo capaz de acolher a multiplicidade de experiências e contribuições dos diversos sujeitos sociais em torno destes temas abrangentes e mobilizadores capazes de articular atores dos mais variados movimentos.
Os Grupos Temáticos estão sendo constituídos dos temas relacionados com a agenda da sustentabilidade e da justiça social e ambiental; da existência de redes em condições de facilitar política e operacionalmente os debates e de sistematizar a discussão realizada nos fóruns eletrônicos; viabilizando as discussões em diferentes línguas para seus participantes, tornando-as abrangentes.
Os Grupos Temáticos se encontrarão em Porto Alegre nos primeiros dias (25 e 26 de janeiro de 2012) para a sistematização dos debates do FST e nos dias seguintes (27 e 28 de janeiro de 2012) haverá uma articulação dos vários diálogos entre si ao redor de quatro eixos transversais, quais sejam:
- fundamentos éticos e filosóficos: subjetividade, dominação e emancipação;
- direitos humanos, povos, territórios e defesa da Mãe-Terra;
- produção, distribuição e consumo: acesso à riqueza, bens comuns e economia de transição;
- sujeitos políticos, arquitetura de poder e democracia.
Todo este processo será facilitado pelo Comitê Organizador (GRAP + Comitê Local) e pelos facilitadores dos grupos temáticos. A este coletivo caberá tomar as decisões sobre a organização do FSTemático e os desdobramentos da metodologia. Outras iniciativas apoiarão esta elaboração coletiva, tais como, um painel sobre a conjuntura e a sistematização de indicadores.
A plataforma www.dialogos2012.org esta no ar desde o dia 20 de novembro, com subsídios iniciais para o debate dos vários grupos temáticos e aqueles que se inscreveram nos grupos temáticos poderão acompanhar as discussões nas quatro línguas do Fórum: inglês, espanhol, francês e português. Até esta data, estaremos recebendo as propostas de inscrições dos grupos temáticos através do e-mailgrupostematicosfst@gmail.com. Após a verificação do cumprimento das pré-condições e eventuais aglutinações, enviaremos um e-mail confirmando a formação do GT e disponibilizando a plataforma para uso do grupo.
Informe-se sobre o processo de preparação do Fórum Social Temático, inscrições de atividades autogestionárias e outras questões no site www.fstematico2012.org.br ou escreva para fstematico2012@gmail.com. Participe e prepare-se para vir a Porto Alegre e Região Metropolitana.
Fonte: Fórum Social Mundial

Estudantes são massacrados nas ruas de Teresina

As ruas de Teresina se tornaram uma praça de guerra na tarde desta terça-feira, numa jornada de protestos que se iniciou no dia 2 deste mês, quando o atual prefeito da cidade anunciou o aumento da passagem e uma integração de araque no transporte público local.
Veja abaixo um vídeo feito por um manifestante dos conflitos que pesquei no youtube (o som está ruim, mas vale pelas imagens). Há ainda sequênicas de imagens piores, como a de uma menina que foi covardemente arrastada pela rua por um bando de policiais.
Quem administra Teresina no momento é o empresário Elmano Ferrer, do PTB. A cidade foi governada pelo PSDB nos últimos 18 anos. Em 2010 o tucano Wilson Martins renunciou o mandato para ser candidato a governador.
E perdeu.
Os estudantes têm sido tratados como bandidos pela mídia local. Por este motivo, publico um texto produzido a partir de um relato que me foi enviado por Álvaro Dias Feitosa, estudante de Direito da Universidade Federal do Piauí, e Lucas Vieira, advogado. Atentem para um fato absurdo, em Teresina, o cartão de integração será administrado por empresa de cartão de crédito. E poderá ser utilizado como tal.
Fone: Blog do Rovai

Violência policial!


Depois de terem sido chamados de maconheiros, vagabundos e tantos outros nomes, alunos da USP são agredidos por policiais militares do Estado de São Paulo, braços armados do governo da privataria tucana.



Estudantes organizam protestos contra reajustes abusivos

O processo de mercantilização do ensino, em que instituições de educação são tratadas exclusivamente como geradoras de lucro, vem sendo cada vez mais comum no ensino superior privado. Prova disso é o que está ocorrendo em duas grandes faculdades do Rio de Janeiro, onde os estudantes da Gama Filho e da UniverCidade estão organizando protestos contra o reajuste exacerbado nas mensalidades e em defesa da garantia do pagamento dos mestres demitidos.


O Grupo Galileo Educacional, que adquiriu recentemente as duas instituições, demitiu professores das faculdades sem cumprir com o pagamento dos direitos trabalhistas e impôs um reajuste de 25% na mensalidade. Os estudantes se revoltaram com a situação e na última quinta-feira organizaram, juntamente com a União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e com o Sindicato dos Professores (SINPRO-RIO), uma manifestação em frente à Universidade Gama Filho da Candelária. O protesto contou com cerca de 400 participantes. 

Os estudantes prometem não cessar as manifestações enquanto o Grupo Galileo não reduzir o valor do reajuste e pagar os direitos dos professores demitidos. Nesta quinta-feira, dia 12 de janeiro, às 17h, haverá um novo ato no mesmo local do anterior e tudo indica que o número de participantes será ainda maior.

Maiores informações sobre o protesto estão no link do evento no facebook:
http://www.facebook.com/#!/events/202990599793216/

domingo, 1 de janeiro de 2012

Escolas públicas infantis poderão ser obrigadas a funcionar durante férias escolares

esolaferias
As escolas públicas de educação infantil poderão ser obrigadas a funcionar durante as férias escolares, oferecendo atividades pedagógicas para seus alunos. É o que prevê o Projeto de Lei do Senado (PLS) 510/2011, da senadora Ângela Portela (PT-RR).
Na justificativa do projeto, a autora diz que creches e pré-escolas têm um caráter mais amplo do que tão somente o educacional. "Essas instituições permitem que os pais das crianças possam ir para o trabalho com a tranquilidade de saber que seus filhos de tenra idade estão sendo cuidados por profissionais qualificados, em instituições de natureza pedagógica", justifica a senadora.

Ângela Portela também lembra que a Constituição determina "como dever do Estado a garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até cinco anos de idade". Ela ainda lembra que, em períodos de férias escolares, a maioria das famílias tem dificuldade de encontrar um local adequado para deixar seus filhos enquanto os pais estão trabalhando. "Para permitir aos pais trabalhadores a segurança de saber que seus filhos estão bem cuidados, este projeto de lei determina que as creches e pré-escolas públicas mantenham atividades pedagógicas durante os períodos de férias escolares", argumenta a autora.

O projeto também determina que nenhum direito trabalhista poderá ser desrespeitado, ficando garantidos os recessos legais dos profissionais da educação. Já a eventual carga adicional de trabalho deverá ser devidamente remunerada.

A matéria tramita em decisão terminativa na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). No último dia 15, o relator do projeto, senador José Agripino (DEM-RN), apresentou voto favorável à matéria. Se aprovada, a matéria segue para análise da Câmara dos Deputados.
Fnote: Agência Senado