sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Congregação da FFLCH está disposta a negociar fim de ocupação na USP

Comissão formada por professores e funcionários tem como objetivo negociar desocupação do prédio. Um ato promovido ontem marcou as exigências dos estudantes para o fim do movimento.
A Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) se reuniu nesta segunda-feira para discutir que tipo de negociação encaminhar a respeito da ocupação do prédio administrativo da unidade. Para esta reunião, o Diretório Central dos Estudantes “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE-Livre) apresentou documento de repúdio a atuação dos PMs, em especial à abordagem dos três alunos da FFLCH na última quinta-feira (27), que gerou confronto entre alunos e policiais. Os apontamentos para a melhoria de segurança e fim de repressão no campus foram colocados em pauta na discussão com o órgão representativo da unidade. Para o diretor do DCE, João Victor Pavesi, a reunião possibilita um importante avanço para o movimento. “A postura de se colocar à disposição para ampla discussão com a comunidade estudantil deve ser muito bem considerada, pois é o primeiro momento em que este problema em relação à atuação dos policiais no campus é discutido”, relatou Pavesi.

As sugestões sobre a segurança pública no local, expostas na reunião com a Congregação, também foram destacadas durante o ato promovido por estudantes da USP contra a presença de policiais militares no campus. O professor-doutor da FFLCH, Henrique Carneiro, falou ao público sobre a importância do envolvimento dos estudantes em relação às decisões administrativas do campus e reforçou a necessidade da revisão do sistema de segurança do local, de acordo com o ambiente que demanda proteção a todos e liberdade de expressão. “Para evitar a fragilidade do grupo e fortalecer a união do movimento estudantil, você têm que ter sempre em mente que só há um inimigo aqui entre nós, e esse inimigo é o reitor João Grandino Rodas. Devemos ter consciência de nosso poder. O reitor deve ser escolhido pela comunidade estudantil, e não deve ser nomeado por um governador”, declarou Carneiro.

O professor também questionou a eficiência do trabalho da Polícia Militar não só na atuação no campus, mas também nas grandes cidades do país. “Temos um exemplo que traz muita luz ao conflito ocorrido aqui na USP. É o caso do deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), mais votado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e presidente da CPI das milícias. Ele terá de sair do país, pois foi ameaçado de morte pelo mesmo grupo que executou juíza Patrícia Acioli. Esse grupo é constituído por oficiais e policiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro e nós temos uma série de exemplos que mostram que o problema da PM no Brasil se relaicona com uma herança do período ditatorial, com uma estrutura que nunca sofreu nenhuma reforma, baseada numa cultura de violência, militarização e com foro privilegiado”, exclamou.

A situação que ainda divide a opinião dos estudantes, de acordo com João Victor Pavesi, agora terá mais atenção e discussões para melhor compreensão sobre o convênio com a PM e as possíveis melhorias de segurança para o local. “Nós defendemos uma ampliação da Guarda Universitária, que haja mais efetivo feminino e que este grupo receba treinamento especial voltado para Direitos Humanos. Além disso, muitos outros fatores contribuem ou não para a segurança do campus. Falta de iluminação, vegetação alta e baixa circulação de pessoas facilita ocorrências de violência no local. Essa mobilização toda com a ocupação e com o ato, mais as possibilidades de negociação sobre a segurança no campus, já é importante e positivo para o imaginário dos estudantes, para que repensem a presença da PM aqui”, disse Pavesi.
Fonte: Fórum

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